Quem foi Jorge Zalszupin?

A história de Jorge Zalszupin

Jerzy Zalszupin, naturalizado brasileiro como Jorge, foi um designer e arquiteto polonês que ficou conhecido por suas obras de mobiliário e design de interiores. Nascido na Varsóvia em 01 de junho de 1922, Zalszupin estudou durante a Segunda Guerra e se formou em Arquitetura em 1945, na Romênia. A vontade de se tornar arquiteto veio quando Zalszupin viu um livro com as obras de Le Corbusier. O artista diz ter se apaixonado pelos desenhos do suíço-francês e decidiu ali que queria seguir a carreira na arquitetura.

Após se formar, ele se mudou para a França. Em 1950, ele se mudou para o Brasil - inicialmente para o Rio de Janeiro e logo após para São Paulo, cidade pela qual se apaixonou e residiu para o resto de sua vida. Em São Paulo, Zalszupin trabalhou com Luciano Korngold, famoso arquiteto judeu polonês que foi um dos mais influentes da cidade entre os anos 1940 e 1950. 

Sua carreira no Brasil

Zalszupin começou o seu trabalho no Brasil como arquiteto e foi direcionando sua carreira para o mobiliário a partir das casas que ele projetava. O artista ficou famoso por suas criações minimalistas e funcionais, que misturavam elementos tradicionais do design moderno com influências da arte popular brasileira.

Em uma entrevista para Casa Vogue, Jorge Zalszupin comenta que quando pensou em pedir parcerias para alugar casas para vender os seus objetos de mobiliário, foi extremamente desencorajado por conta do alto investimento necessário. Por isso, o artista decidiu fazer por conta própria e lançar seus objetos sempre em pequenas séries. Assim nasceu a linha de mobiliário L’Atelier.

O L'Atelier nasceu para criar obras incríveis em série, mas ainda em baixa escala já que tudo era feito 100% à mão. O trabalho do L'Atelier era feito no inicio pelo próprio Zalszupin e mais 2 marceneiros. A linha incluía peças como cadeiras, mesas, sofás e estantes, todas feitas com madeira de jacarandá e com design clean e elegante. 

A primeira peça desenhada e assinada por Jorge Zalszupin foi a poltrona dinamarquesa em 1959, que esteve presente em sua residência na grande capital paulista até seus últimos dias. Casa que hoje abriga o seu museu.

Logo após, surgiu o icônico carrinho de chá. Com um design completamente inovador e diferente do que se via na época, que foi um sucesso nos anos 1960s - que continua até hoje. Como todas as peças do autor foram feitas em pouca escala, é muito raro conseguir encontrar obras de Zalszupin a venda. Um carrinho de chá vintage original do autor pode chegar a valores como 40.000 euros.

À frente de seu tempo, Jorge Zalszupin trouxe mais uma inovação de design para o Brasil em 1968: a cadeira Hille, a primeira cadeira com design feito em plástico no país. O arquiteto tinha direito de design da cadeira, assim realizou algumas mudanças que a tornaram ainda mais icônica, como colocar tecido ou usar a carcaça laranja. Criou também versões com e sem braço, com rodinha, estofada e entre outras. A criatividade nunca foi um impecílio para Zalszupin.

O artista era diretor da fabricante Hévea nos anos 1980 e decidiu criar a marca Eva, para produtos de design apenas feitos em plástico. Com muitas peças assinadas pelo artista, a marca cresceu rapidamente e teve grande apreço nacional na época. Em contraste com as obras feitas no L'Atelier, com tons mais sóbrios da jacarandá, as peças da Eva eram bem coloridas e vibrantes. Dentre suas criações podemos citar o balde de gelo, com aspecto minimalista e funcional, com um design inovador e característico do artista polonês.

Além de suas criações de mobiliário, Zalszupin também é conhecido por sua atuação como designer de interiores e arquiteto. Trabalhou em projetos de decoração de escritórios, lojas e residências e tornou-se muito influente neste ramo no Brasil - seus showrooms eram referência de modernidade nos anos 60/70. Em 1975 Jorge Zalszupin assinou a fachada do Ibirapuera Shopping, Edifício Torre Paulista, dentre outros.

Seu sucesso nos anos 70 lhe rendeu um convite muito especial: o grande Oscar Niemeyer convidou Jorge Zalszupin para fazer parte da equipe de talentosos designers de móveis, que colaboraram na concepção e produção de móveis para Brasília. As peças que desenhou nessa época incorporaram o luxo do couro com o material que virou sua marca registrada, a madeira de jacarandá.

Vida pessoal: apreço e amor pela família

No podcast Casa Frente e Verso, sua filha Veronica conta como ele sempre priorizou a família e diz ter um imenso orgulho da pessoa incrível que ele era.

Ela fala do pai com grande apreço e admiração, pelo gênio do design que foi e principalmente pela pessoa íntegra e inspiradora. O artista nomeou algumas se suas obras em homenagem à família, como a poltrona Annette, para a esposa, a poltrona Verônica, para sua filha, e a poltrona Adriana, para sua neta.

 Foto: Poltrona Verônica, por Jorge Zalszupin

A filha Verônica tem como grande objetivo deixar o legado artístico do pai sempre vivo e hoje administra o nome e legado dele.

Casa Museu Zalszupin

A casa que Zalszupin morava no Jardim Europa, em São Paulo, foi projetada por ele e hoje virou um museu, a Casa Museu Zaslzupin.

O arquiteto morou até a sua morte nessa casa, que abrigava a primeira poltrona dinamarquesa, o primeiro carrinho de chá e uma sala de jantar toda desenhada por ele. A casa era uma somatória da vida e história dele e de sua esposa francesa, Annette: tapetes da Turquia, tecidos de veludo bem art deco francês, e suas icônicas obras. O chão da sala de jacarandá da Bahia, a parede que dava na rua era de pedra, o qual ele mesmo montou junto com um colega espanhol. 

Algumas peças da decoração foram para um acervo privado das filhas do artista, mas grande parte ainda pode ser vista no museu. É uma oportunidade única de estar no ambiente onde o grande gênio do design mobiliário morou e teve várias das suas ideias. No site do Museu é possível agendar a visita.

Onde comprar obras do artista

Com o objetivo de deixar o legado do pai vivo, Verônica cedeu os direitos de reprodução das peças de design de Zalszupin para a marca de design mobiliário brasileiro Etel. A marca fez uma reedição de diversas peças, como por exemplo o carrinho de chá e a poltrona dinamarquesa. Foram cerca de 50 peças reeditadas, além do lançamento de peças inéditas.

Além da reedição, ainda é possível encontrar peças vintage originais assinadas pelo artista na veentx, o maior maior marketplace de antiguidades do Brasil. No acervo da veentx está disponível uma papeleira vintage original feita em jacarandá nos anos 1960, na época do L'Atelier. É uma peça única e extremamente rara, em ótimo estado de conservação. Um verdadeiro achado para colecionadores e apreciadores da arte brasileira.