Do Mosteiro ao Cristal
A história da Val Saint Lambert remonta ao início do século XIII, quando o Príncipe-Bispo concedeu terras conhecidas como 'Champs des Maures' aos monges cistercienses. Esses monges dedicados transformaram a área, desbravando terras, canalizando rios e drenando pântanos. A presença de carvão nas propriedades dos monges possibilitou a construção de uma igreja e edifícios monásticos no estilo gótico, organizados ao redor de um claustro aberto.
No final da Idade Média, a abadia enfrentou dificuldades com incêndios e pilhagens. No entanto, no século XVI, a abadia começou a prosperar novamente, atraindo peregrinos. Em 1797, a abadia foi vendida e transformada em uma fábrica de fiação de linho, mas não obteve sucesso.
A Fundação da Val Saint Lambert
Após a queda do Império, o vidroiro Vonêche, localizado na atual Holanda, foi adquirido por Aimé Gabriel d’Artigues, que também comprou o vidroiro Baccarat. François Kemlin e Auguste Lelièvre, ex-funcionários de Vonêche, estabeleceram sua própria vidraria na Abadia de Val Saint Lambert. Em junho de 1826, a primeira fornalha entrou em operação, marcando o início da produção de cristal da Val Saint Lambert.
A Arte do Cristal
O cristal é conhecido por sua clareza e brilho, obtidos através da pureza de seus compostos e sua qualidade refrativa. Composto por sílica, chumbo, potassa e cullet (cristal quebrado), o processo de fusão começa a 1.400°C em fornalhas artesanais. O cristal é trabalhado entre 24 e 48 horas após a saída da fornalha, resultando em peças de um brilho e clareza inigualáveis.
Legado e Reconhecimento
Desde sua fundação, a Val Saint Lambert tem criado um patrimônio rico e cristal de qualidade incomparável. Em 1894, a empresa exibiu seu cristal cortado geometricamente na Feira Mundial de Antuérpia, destacando o “Vase des Neuf Provinces”, uma obra-prima feita por 30 artesãos e que levou mais de 2.000 horas para ser concluída. Este reconhecimento internacional consolidou a Val Saint Lambert como fornecedora de cristal para os czares da Rússia e criadora de lustres imensos para o Maharaja de Gwalior.
Durante as guerras mundiais, a empresa enfrentou desafios significativos, mas continuou a prosperar e inovar. Na década de 1990, colaborou com renomados designers como Philippe Starck e Frans Van Praet, expandindo seu portfólio com móveis sofisticados. Em 2014, a Val Saint Lambert foi adquirida por Jacques Somville e, em 2018, pelo empresário George Arthur Forrest. A empresa continua a produzir alguns dos cristais e vidros mais finos do mundo.
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